O olinguito, da família do
guaxinim, vive nas florestas do Equador e da Colômbia e é a primeira
espécie de carnívoro descoberta no Ocidente nos últimos 35 anos
Olinguito: pesando cerca de um quilo, o mamífero carnívoro
é o primeiro mamífero descoberto no ocidente nos últimos 35 anos
(Mark Gurney)
Pesquisadores do Museu Nacional de História Natural Smithsonian,
nos Estados Unidos, finalmente desfizeram um mal-entendido que durou
mais de um século: um animal já observado na natureza, em museus e até
em zoológicos havia recebido a identificação errada por todos esses
anos. Ao corrigir o erro, os cientistas encontraram o olinguito,
primeiro carnívoro descoberto no ocidente nos últimos 35 anos.
CONHEÇA A PESQUISATítulo original: Taxonomic revision of the olingos (Bassaricyon), with description of a new species, the OlinguitoOnde foi divulgada: periódico
ZooKeysQuem fez: Kristofer M. Helgen, Miguel Pinto, Roland Kays, Lauren Helgen, Mirian Tsuchiya, Aleta Quinn, Don Wilson e Jesus Maldonado
Instituição: Museu Nacional de História Natural Smithsonian, nos EUA, e outras
Resultado: Os pesquisadores descobriram o olinguito (
Bassaricyon neblina), primeiro carnívoro descoberto no ocidente nós últimos 35 anos
O olinguito, que recebeu o nome científico de
Bassaricyon neblina,
é o último membro identificado da família dos Procionídeos, à qual
pertencem o guaxinim, o quati, o jupará e os olingos. Pesando cerca de
um quilo, o olinguito tem olhos grandes e pelo marrom-alaranjado, que o
fazem parecer "um cruzamento entre um gato doméstico e um urso de
pelúcia". Na natureza, ele vive nas florestas nebulosas da Colômbia e do
Equador (de onde vem o termo "neblina" de seu nome científico).
"A descoberta do olinguito nos mostra que o mundo ainda não foi
completamente explorado, e seus segredos mais básicos ainda não foram
revelados", afirma Kristofer Helgen, curador de animais do museu e
principal autor do estudo. "Se novos carnívoros ainda podem ser
encontrados, que outras surpresas nos esperam? Tantas espécies ainda não
são conhecidas pela ciência. Documentá-las é o primeiro passo em
direção a um entendimento de toda a riqueza e diversidade da vida na
Terra", diz o pesquisador. O estudo que descreve o olinguito foi
publicado nesta quinta-feira, no periódico
ZooKeys.
Longo caminho – A descoberta foi o resultado do
trabalho de uma década. O objetivo inicial da pesquisa era estudar as
diversas espécies de olingos, carnívoros do gênero
Bassaricyon. Mas uma
análise de mais de 95% dos exemplares desses animais presentes em
museus, aliada a testes genéticos e dados históricos, revelou a
existência do olinguito, que não havia sido descrito até então.
A primeira pista veio dos dentes e do crânio do animal, que são
menores e apresentam formato diferente do olingos. Os animais da nova
espécie também são menores e têm pelagem mais longa e densa. Porém, como
as informações das quais os cientistas dispunham vinham de observações e
exemplares capturados no início do século XX, era preciso descobrir se o
olinguito ainda existia na natureza.
Para isso, os pesquisadores se uniram a Roland Kays, diretor do
Laboratório de Biodiversidade e Observações da Terra do Museu de
Ciências Naturais da Carolina do Norte, que ajudou a organizar uma
expedição de campo. "Os dados dos exemplares antigos nos deram uma ideia
do que procurar, mas ainda parecia um tiro no estudo", conta Kays.
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Habitat natural – Em uma expedição de três semanas,
os pesquisadores encontraram os olinguitos e documentaram tudo o que
puderam sobre o animal e seu habitat. Eles descobriram, por exemplo, que
o olinguito é mais ativo durante a noite, se alimenta principalmente de
frutas, raramente desce das árvores e tem um filhote de cada vez.
Os pesquisadores estimam que 42% de seu habitat já tenha sido
transformado em áreas agrícolas ou urbanas. "As florestas nebulosas dos
Andes são um mundo à parte. repletas de espécies que não são encontradas
em outros lugares, muitas das quais podem estar ameaçadas. Nós
esperamos que o olinguito possa ser um ‘embaixador’ para as florestas do
Equador e da Colômbia", afirma Helgen.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pesquisadores-descobrem-nova-especie-de-carnivoro-na-america-latina